quinta-feira, 17 de março de 2011

Sem drama.

Jesus é testado pelos fariseus e escribas acerca do adultério de uma mulher (Jo 8:1-11). Se dissesse que ela devia ser liberta estava indo contra a lei mosaica. Segundo a lei (Lv 20.10) a mulher, casada, não devia nem ser apedrejada, devia morrer. Jesus não entra no jogo, ele toca onde mais dói: a consciência das pessoas. 

O Mestre está inclinado escrevendo com os dedos na terra enquanto todos esperam uma resposta com a intenção capciosa de acusá-lo e achar nele alguma falha já que vinha perdoando pecados. Jesus após a primeira pergunta continua agachado escrevendo, mas como insistiram ele os responde: “quem de vós estiver sem pecado atire a primeira pedra”. 

Com certeza não era esta a atitude que se esperava. O que ele tanto escrevia? Não importa. Podia ser os pecados daqueles que acusavam a mulher, podia ser o quanto ela tinha virtudes mesmo diante do seu erro ou talvez qualquer rabisco. A questão é que Jesus não compete, não vacila com meias palavras, ele é simples e direto, não cedendo à provação dos que tentavam o colocar numa situação constrangedora. 

Talvez nós, na posição da mulher, iríamos olhar e pensar como podíamos ser defendidos por alguém que nem demonstrava força, não se empenhava em desmistificar a lei e alguém que nem de pé estava. Muitas vezes já passou pela minha cabeça que Deus estava sentado sem se importar muito com o que acontecia comigo. Às vezes ele parece ser indiferente porque não faz o drama que nós esperávamos que ele fizesse por nós. “Poxa, só isso? É só isso? Não pode se levantar agora mesmo e me proteger direito como nós homens esperamos que o Senhor faça?" Ele não toma partido assim. Mantém a soberania nos momentos em que temos mais inquietação.

Às vezes eu acho que nós queríamos que Deus se desesperasse junto com a gente pra demonstrar assim, o quanto ele também está preocupado com a nossa vida. Mas ele está escrevendo algo que não entendemos bem enquanto nos sentimos constrangidos. É como “calma, eu estou no controle”. 

Então todos foram se retirando um a um, a começar pelos mais velhos. A consciência começou a acusar e certamente eles devem ter se lembrado de alguns momentos em que passaram bem distantes do cumprimento da lei. Jesus não fez pouco caso, ele sabia o tumulto que podia acontecer. Pode ser que nos momentos em que você acha que ele está sendo mais indiferente ou tardio concernente ao seu sofrimento, ele esteja te livrando de um escândalo. Ou agindo calmamente, da forma que você suporta. Ou esteja te dando uma lição. Espiritualmente nós estamos como aquela mulher que não podia defender a si mesma, estava condenada. Nós estamos sempre carecendo do agir de Jesus, sem poder nos pronunciar por nós mesmos: Isso é dependência. Do jeito dele, do modo dele, ele é por você. Não faz o drama que você queria, não corre como você queria. Ele sabe exatamente como fazer por você.
Hev





1 comentários:

Juliana De Nadai disse...

Hev,
belíssima reflexão! Nunca tinha pensado sob a ótica da mulher que, talvez, tenha considerado Jesus incapaz de resolver seu problema... Acho que você resume bem quando afirma que Jesus "mantém a soberania nos momentos em que temos mais inquietação."
Beijo grande!

Postar um comentário