sexta-feira, 8 de abril de 2011

Um coração sincero vale mais

Karen Armstrong em Defesa de Deus, p.175, cita a história de dois homens bem conhecidos; Lutero e Calvino na perspectiva da justificação e da observação do rito.

Lutero achava-se tão zeloso com a ordem e lembrava que com certeza se um monge pudesse entrar no céu pela disciplina monástica, este monge seria ele. Depois de Cristo ter revelado ao seu coração que um rito não podia salvar-lhe, e que “nossas boas ações são resultado e não causa do favor divino”, ele se sente renascer com as palavras de Romanos “o justo viverá pela fé”.

De igual forma, Calvino estava tão encantado com a igreja enquanto instituição, que não queria e não conseguia se libertar dela. Segundo suas palavras, foi necessário que Deus o conduzisse em outra direção “com a rédea oculta de sua providência”.

Nós também, assim como muitos homens e mulheres que serviram de inspiração, precisamos passar pelo crivo da fé que nos liberta para o renascimento. Muitos já se acharam fiéis quando na verdade não passavam de escravos da Igreja...E quantos de nós não nos achamos ativos cooperadores de Cristo quando na verdade faz um bom tempo que não temos um encontro verdadeiro com o Deus invisível?

Continuamos nossas atividades eclesiásticas a fim de não perder o ritmo e o tempo, mas ignoramos o fato de termos que parar para rever nossa comunhão com Cristo e com os irmãos. Uma fé madura está aberta e disposta a renovar-se. Um coração curado entende que a justificação nos torna íntimos do lugar santo de Deus; lugar que não chegaríamos por nosso mérito, e que uma instituição humana está mais para desviar o homem de Deus do que aproximá-lo, se a mesma não estiver ligada verdadeiramente à vontade e diaconia divina.

Quando não dá mais para encarar a fé como proposta de reconhecimento pessoal ou como algo que envelheceu em nós, podemos pedir licença e mudar de rumo. Um coração sincero pode encantar mais o olhar divino do que um coração pesado e cheio de coisas pra fazer pra Deus. 

Hev

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